O tema que propomos em 2025, “Do Corpo ao Cérebro na Psiquiatria”, representa, acima de tudo, um convite a uma abordagem integradora e contemporânea da nossa prática. A clássica separação entre mente e corpo está hoje cada vez mais ultrapassada. Sabemos hoje que a saúde mental é inseparável da saúde física, que o cérebro funciona em estreita relação com o corpo, e que fatores neurobiológicos, psicológicos, sociais e culturais interagem de forma dinâmica na origem, expressão e tratamento da doença mental. O XIX CNP será palco de múltiplas perspetivas: desde a neurobiologia à psicossomática, da psicofarmacologia à psicoterapia, da nutrição à neuroestimulação, passando por temas como a depressão, microbioma, psicose, imunopsiquiatria, comportamento alimentar e psicopatologia, entre tantas outras. Pretendemos promover o diálogo entre áreas clínicas e científicas que, tantas vezes, trabalham em paralelo, e desejavelmente cada vez mais em conjunto.

Apresentamos assim um programa científico amplo e cuidadosamente construído, que reúne investigadores e clínicos de referência, nacionais e internacionais. Este ano, destacamos ainda inovações no processo de construção do programa e nos modelos de apresentação e avaliação dos trabalhos apresentados no congresso. Destaco o facto dos simpósios submetidos pelos sócios, em número quase 3 vezes superior ao número de simpósios existentes no programa, foram avaliados segundo um modelo mais robusto e transparente, que envolveu não apenas a comissão organizadora, mas também uma comissão científica executiva independente, composta por psiquiatras de reconhecido mérito. A avaliação foi feita de forma cega, com ocultação da identidade dos proponentes, permitindo que os critérios de qualidade e relevância científica prevalecessem sobre qualquer outro fator. Este novo modelo reforça o nosso compromisso com a equidade, a inclusão e o rigor científico.

Outra aposta desta edição é a valorização da participação dos jovens profissionais e estudantes. Procurámos criar novos espaços onde as novas gerações possam apresentar investigação, dialogar com peritos, e contribuir com uma visão renovada sobre os desafios actuais da Psiquiatria e da Saúde Mental. O futuro constrói-se com a escuta ativa, com a partilha entre gerações e com a coragem de questionar e inovar. Assim, os melhores resumos submetidos ao congresso serão, tal como em anos anteriores, selecionados para apresentação como comunicação livre, mas também para uma nova sessão de posters em papel. Estes trabalhos serão elegíveis para os prémios do congresso e publicados na Revista Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental. Todos os congressistas presentes no Algarve terão oportunidade de contribuir para a avaliação destes trabalhos, e desta forma para as decisões sobre os prémios a atribuir.

Este congresso quer, acima de tudo, ser um espaço vivo, de pensamento crítico e de reencontro humano. Um lugar onde a ciência se encontra com a clínica, onde a complexidade não é evitada, mas acolhida, e onde reafirmamos o valor de cuidar — com conhecimento, empatia e responsabilidade. Isso só é possível por todos os que o tornam possível, e a quem agradeço. Antes de mais à direção da SPPSM e à comissão organizadora, em particular o Presidente da SPPSM, pela confiança que em mim depositaram, e pela dedicação continuada a este congresso. Também às comissões científicas, a todos os que submeteram simpósios e resumos, aos nossos oradores e moderadores, aos patrocinadores e, muito especialmente, a todos aqueles que irão participar no congresso. A vossa presença e envolvimento são, como sempre, o que dá sentido a este encontro, e que fazem dele o evento maior da Psiquiatria e Saúde Mental em Portugal.

Espero ver-vos em Novembro no XIX CNP, e desejo-vos um congresso enriquecedor, desafiante e fonte de inspiração!